Astrologia é um fenômeno psicológico real, o terraplanismo pressupõe uma questão geográfica, biológica e material e mescla política com religiososidade.
Uma coisa é dizer “leoninos gostam de chamar atenção”, outra seria só contratar funcionários do signo de Leão. Outra coisa ainda seria legislar partindo do pressuposto que tal signo ou tal outro merecem privilégios, ensinar astrologia nas escolas, tomar quaisquer decisões políticas baseadas em astrologia.
Compare-se com racismo ou homofobia, aí eu aceito a discussão. Existem diferenças culturais, sim, entre negros, índios, asiáticos e brancos ou a comunidade LGBTQQ+ e a heterocisnormativa, claro que existem e negá-las seria, também, desmerecer essas diferenças e invalidar, de certa forma, qualquer uma dessas culturas, mas pautar-se nessas diferenças culturais para desmerecer ou favorecer uma ou outra política ou socialmente TÁ ERRADO! Acredita-se, culturalmente, que pessoas que nascem em tal período têm características e comportamentos X, Y, ou Z e acreditar nisso é um fenômeno CULTURAL. Pensando simbolicamente, como já postulado por Saussure, Jung, Vigostky e mais uma porrada de gente, um signo é um símbolo, que a ele se atrela um significado. “Leão” é um símbolo, assim como “Negro” é um símbolo, da mesma forma que “Cadeira” é um símbolo e a tais símbolos se atrela significados. Questionemos, pois, esta significação. Negar um símbolo, no entanto, não o fará deixar de existir – pro bem ou pro mal. Mas a única forma de darmos o significado correto a um símbolo é, antes, reconhecê-lo, entender a quê ele se refere, atribuir significados positivos e saudáveis a esses símbolos no consciente e no inconsciente coletivo.
Comparar a astrologia com o terraplanismo é negar um fenômeno que é real.
Astrologia existe porque faz parte da cultura e da simbologia dos povos. Os planetas existem, as constelações também, elas se movimentam daquela forma.. O que há é uma representação simbólica de um fenômeno que é real. Uma interpretação de fatos, aqueles dados não são inventados. É uma leitura CULTURAL, reitero, de um objeto REAL. E culturas precisam ser respeitadas. Não precisam ser absorvidas, você não precisa reconhecer uma cultura como sua para que ela seja real.
Já a “terra plana” não é simbólica, é literal. Ela parte de um pressuposto que nega os fatos, nega algo que também é real, ou seja, o formato geóide do planeta. Com isto, ela nega também a ciência, a evolução. Nega a astronomia e também a astrologia. Nega a própria existência em si.
Colocar as duas coisas no mesmo balaio é, das duas uma: entender o terraplanismo como um fenômeno cultural sem quaisquer implicações políticas e legais ou dar à astrologia um tamanho e importância a que sequer ela mesma se propõe.
My Sweetest Poison 